Como é tradição, na sexta-feira 6 de dezembro o Prêmio São Paulo de Literatura estará representado por Mariana Salomão Carrara, Alexandre Alliatti e Rita Carelli na Feira Internacional do Livro de Guadalajara (FIL), no México. Os três irão participar de atividade que promete ser um dos muitos destaques da programação do evento, e que será mediada por Giovanna Sant’Ana, superintendente técnica da SP Leituras. Com tradução para o idioma espanhol, estarão às 18 horas no Salão A da área internacional do evento, sendo essa uma ação integrante do Prêmios em Colaboração.
Dois dias antes, entretanto (quarta, dia 4), Alexandre Alliatti e Rita Carelli estarão colaborando com outra linha da FIL, a Destinação Brasil. Ao lado da jornalista, pesquisadora e escritora paulista radicada na Bahia, Amanda Julieta, participarão de uma mesa que irá examinar intersecções entre arte, política, gênero e raça. Será às 19h30 no Salão B da área internacional,também com mediação de Giovanna Sant’Ana. Amanda publicou em 2021 o livro “Dandara” (ParaLeLo13S). E esse ano lançou “Tem poeta na casa? Mulheres negras, poetry slam e insurgências”, pela mesma editora. E na véspera, na quinta-feira 5, no mesmo local, às 16 horas, Mariana Salomão Carrara dividirá mesa com a jornalista, escritora e tradutora Lucrécia Zappi, que nasceu na Argentina, mas mudou-se para o Brasil com apenas quatro anos de idade. Ela fez mestrado em Criação Literária na Universidade de Nova Iorque. Seu romance de estreia, “Onça preta” (Bendirá), foi publicado na Espanha e no México, além do Brasil.
A Feira Internacional do Livro de Guadalajara é sem dúvida a mais importante reunião editorial de toda a Ibero-América. Nela profissionais discutem questões relacionadas ao setor, com o público em geral sendo muito bem-vindo, o que a distingue de muitas outras que se tem no mundo. Foi concebida de tal forma que mantém a vocação de negócios sendo também um festival cultural que oferece oportunidade para todos os continentes e línguas, assim como para o necessário debate acadêmico sobre temas da atualidade. Foi criada em 1987, por iniciativa da Universidade de Guadalajara.
Durante os nove dias em que estará acontecendo este ano, a partir de 26 de novembro, o livro se torna o centro das atenções. Mas, ao mesmo tempo, a cidade fica repleta de música, arte, cinema e teatro que destacam o Convidado de Honra. Agora em 2024 não será um país, como usualmente ocorre, mas a América Latina como um todo. O Brasil teve essa honra em 2001. Em 2021 a FIL foi condecorada com a insígnia da Ordem do Rio Branco pelo governo brasileiro.
Mariana Salomão Carrara foi a vencedora do PSPL em 2023, na categoria Melhor Romance do Ano, com “Não fossem as sílabas do sábado” (Todavia). Os outros dois foram agraciados na categoria Melhor Romance de Estreia, Alexandre Alliatti, na mesma edição, com “Tinta branca” (Patuá), e Rita Carelli em 2022, com “Terrapreta” (Editora 34). Os três, assim como escritoras e escritores de vários outros países, estarão se dirigindo a um público leitor ávido por conhecer seus autores prediletos, conhecer novos e adquirir o que de mais recente e qualificado o mercado editorial está oferecendo.
A edição da FIL deste ano contará com oito autoras e autores brasileiros. Além dos três vencedores do PSPL e de Amanda Julieta, todos já citados, teremos ainda Ana Fátima, Djamila Ribeiro, Lucrécia Zappi e José Henrique Bortoluci. No estande exclusivo do Brasil teremos dez editoras nacionais representadas: Callis, Carochinha, CEDIC, Girassol Brasil, Global Editora, Mil Caramiolas, PAE, Panda Books, UNICAMP Press e VR Editora International/Bombom Books. A participação de vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura se dá através de ação da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, através da SP Leituras – Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura.
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O Prêmio São Paulo de Literatura esteve bem representado na mais recente edição do Festival Literário Utopia, realizado de 15 a 24 de novembro, em Braga, Portugal. Em parceria com o SisEB (Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas), gerenciado pela SP Leituras para a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, a programação contou com a presença da escritora Aline Bei, vencedora da edição de 2018 na categoria Melhor Romance de Estreia até 40 anos com “O peso do pássaro morto”.
Aline participou da mesa de debate "Um Quarto Só Nosso", inspirada no ensaio “Um quarto só seu”, de Virginia Woolf, publicado em 1929. Ao lado das escritoras portuguesas Madalena Sá Fernandes e Maria Francisca Gama, ela dialogou com o público sobre sua trajetória, sua obra e o papel das mulheres na literatura contemporânea. A mediação ficou a cargo de Afonso Borges, integrante do Conselho de Administração da SP Leituras.
“Um quarto só seu” é considerado um marco do feminismo moderno e uma das obras mais importantes do século 20. O texto, baseado em palestras que Virginia Woolf ministrou em 1928 nas primeiras faculdades femininas de Cambridge, reflete sobre a condição social das mulheres e as inúmeras limitações que enfrentaram ao longo da história.
“Virginia Woolf defende nesta obra que é impossível falar sobre mulheres sem abordar a submissão e a necessidade de um espaço próprio, historicamente negado a elas”, pontuou Madalena Sá Fernandes. Maria Francisca Gama também trouxe contribuições relevantes ao debate. “O que tenho feito e desejo continuar fazendo é escrever sobre os assuntos que me inquietam e que, durante muito tempo, foram vistos apenas sob uma perspectiva masculina”, afirmou. Entre os temas destacados por ela estão a violência contra a mulher, a intimidade, o prazer feminino e a posição das mulheres na sociedade contemporânea.
Aline Bei enriqueceu a discussão ao mencionar A obrigação de ser genial, da escritora argentina Betina González. “Apenas ser genial justificaria o fato de uma mulher ser escritora e abandonar, digamos, as tarefas da rotina para se enclausurar em um quarto por anos e produzir uma obra”, destacou. Ela acrescentou: “O trabalho precisa transformar o mundo, porque, se for apenas mais um livro entre tantos, isso não justifica a nossa liberdade de expressão.”
O Festival de Literatura Utopia apresentou uma programação diversificada, com conversas, espetáculos, oficinas, entrevistas, exposições, workshops, sessões com escolas, passeios literários e outras atividades. Promovido pela The Book Company e pela Penguin Random House Grupo Editorial, o evento se consolidou como um importante ponto de encontro literário, contribuindo para que Braga receba, em 2025, o título de Capital Portuguesa da Cultura.
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A escritora gaúcha Eliane Marques foi apontada como a grande vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2024, na categoria Melhor Romance de Estreia de 2023, com seu livro “Louças de família” (Autêntica Editora). A solenidade que anunciou a decisão ocorreu na noite desta segunda-feira, no auditório da Biblioteca Parque Villa-Lobos. O anúncio foi feito por Gênese Andrade da Silva, integrante do júri, que fez a entrega do troféu e do prêmio de R$ 200 mil.
“Quero agradecer às editoras Rafaela Lamas e Ana Elisa Ribeiro, assim como à diretora Rejane Dias, da Autêntica Contemporânea, que acolheram muito rapidamente meu livro. Agradeço ainda à agente literária Eugênia Ribas”, disse ela antes de estender reconhecimentos para sua analista e para sua Ialorixá, arrancando risos e aplausos da plateia. A narrativa de Eliane inicia quando ocorre o falecimento de Tia Eluma, uma empregada doméstica. A questão segue com a dúvida de quem deveria responder por sua morte e pagar o seu velório, considerando que a mulher fora criada no batuque e estava em uma igreja evangélica. A partir disso é puxado um fio que se estende à sua primeira ancestral conhecida da linha materna. Esta, como outras parentes suas, para chegaram até aqui, “limparam os pés nas pedras dos arroios lavando a roupa suja dos brancos”.
Entre os pontos altos deste “Louças de família” está a própria linguagem que é utilizada, mesclando português, espanhol e iorubá, o que resulta numa dicção literária surpreendente. Lembrando que a autora é uma mulher negra e natural de Santana do Livramento, cidade fronteiriça entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.Em sua 17ª edição, o Prêmio São Paulo de Literatura é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, levada adiante através da sua Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas. Seu objetivo é estimular o surgimento de talentos e valorizar também quem anteriormente já publicou, promovendo a literatura brasileira.
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