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“A função da literatura é nos fazer sentir o que nossas emoções cotidianas não conseguem captar”
01 de novembro de 2024
A baiana Luciany Aparecida tem doutorado em Letras, com pesquisas feitas nas áreas de Nação, Imigração, Memória e Identidades. É autora do livro de poemas “Macala”, que é dividido em 11 partes e estabelece um diálogo com a clássica fotografia “Mulher negra da Bahia” (1885), de Marc Ferrez. Também escreveu a peça teatral “Joanna Mina”, que resultou do edital "Dramaturgias em Processos", do Teatro da USP. E ainda novelas, assinadas com o pseudônimo Ruth Ducaso.
Seu livro “Mata doce” (Alfaguara – Grupo Companhia das Letras) é o primeiro romance que assina com seu nome. E com ele se tornou finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2024, na categoria Melhor Romance de 2023. “Fiquei genuinamente feliz com a indicação. Eu escrevo, elaborando com a linguagem literária, reflexões sobre a história do Brasil. Deste modo, para meu trabalho é muito importante que ele seja lido de modo mais amplo no país”, destaca a escritora.
Segundo Luciany, a cena literária brasileira é setorizada, a partir de vícios colonizadores. “Nessa perspectiva, quando escrevo, primeiro tenho que convencer as pessoas sobre a validade estética de ler o texto de uma mulher, baiana e tantas mais marcações que a sociedade me impõe, como se estas fossem marcas que desvalidassem o meu trabalho”, explica ela.
No entender de Luciany, “uma das funções da literatura é nos fazer sentir o que nossas emoções cotidianas não conseguem mais captar”. Ela diz que escreve, como se pudesse, “a partir das imagens do texto, desencadear vibrações nos sentimentos de quem lê, buscando comover a pessoa leitora”. Deste modo, o que deseja é fazer com que se sonhe com mundos possíveis.